sábado, 7 de dezembro de 2013

Este é para mim, esse é para o mundo


Falar sobre livros é maravilhoso, seja uma espécie de monólogo para apenas depois vier respostas (como uma postagem num blog) ou uma discussão acalorada sobre significados, sentimentos e o que mais for sobre o livro. Mas há um outro lado também, quando lemos um livro que parece íntimo demais nosso e que apenas para gente e mais ninguém.

Há esses dois lados, é disso que eu quero falar aqui: Daqueles livros que você quer que o mundo leia e daqueles que é só para você.

Livros quase sempre nos mudam, no mínimo que seja, mas há livros que nos mudam muito. Que quase cria uma distinção de era em sua vida, uma antes dele e uma depois e as coisas simplesmente não fazem sentido num mundo onde tal coisa não exista. Talvez vocês pensem que estou exagerando, mas pessoalmente, quando olho a imagem como um todo, não estou. Não são todos, mas há livros que se enquadram, para mim, nesse quesito, o maior deles sendo a saga HP.

Antes de Harry Potter, eu era uma leitora casual, depois dele virei uma voraz. Se eu nunca o tivesse lido, talvez eu tivesse parado de ler, ou talvez ainda lesse apenas de vez em quando, provavelmente eu não estaria escrevendo essas palavras pois esse blog provavelmente não existiria. Talvez eu não tivesse passado os últimos dias planejando o registro dos meus livros escritos e a qual editora eu os enviarei primeiro. Talvez eu ainda estaria escrevendo apenas músicas e contos sem jamais levar isso além de um hobby quando estou entediada. É claro, talvez tudo isso tivesse acontecido numa ordem diferente, mas HP me mudou. Ontem mesmo eu falava com minha mãe de quão estranho seria se eu simplesmente parasse de ler, porque isso me faria uma pessoa completamente diferente do que sou hoje e mesmo que HP não tenha me iniciado nesse mundo, foi ele que me fez entrar nele de verdade.

E é por isso que, para mim, é tão difícil assimilar alguém que nunca tenha lido a saga, especialmente se tal pessoa é leitora. Eu um dia conversei com essa garota online e ela era também lia para caramba, começamos a falar sobre livros e trocar dicas (isso já tem um bom tempo) e ela falou que nunca tinha lido HP e foi como na cena da série HIMYM que quando descobrem um fato meio chato sobre alguém o vidro se quebra e você não consegue mais não ver esse defeito. Para mim foi assim e eu meio que a desconsiderei-a menos como leitora.

Sei que é errado, e não faz sentido até, cada qual com seu gosto ou mesmo falta de oportunidade, e mesmo eu sabendo que é um tanto irracional, quando eu vejo que alguém não leu a saga, nem ao menos um (na verdade isso é errado pois sei que se alguém me falar que leu um dos livros e não foi ler o resto, me vai ser tão estranho quanto se não mais) eu meio que o desvalorizo e simplesmente não me faz sentido.

Sei que é estúpido e nenhuma parte faz sentido, mas isso vem desse lugar meio, obtuso talvez?, do meu cérebro que diz que, como comigo existe uma Bruna Pré  e uma Pós HP, com todo são assim, como num rito de passagem.

E é por isso que Harry Potter para mim é uma saga para o mundo, que todos devem ler e que nada fará sentido até acontecer. E que eu estimulo a lerem e que eu posso falar por horas em detalhes, discutir teorias, contar factoides, criticar os filmes, enfim. É algo que é feito, que eu quero, que todos a minha volta conheçam.

E aí... há o outro lado. Os livros que são opostos. Na verdade, eu só tenho um que é assim, mas é um dos meus livros favoritos e sem dúvida uma das resenhas mais difíceis (e divertidas e diferente e uma das minhas favoritas aqui no blog) que eu já fiz. Que é a do livro As Vantagens de Ser Invisível, que inclusive eu terminei de reler há menos de uma hora (enquanto escrevo isso).

Quando eu comecei a reler, até me perguntaram do que se trata, e você deve pensar que eu sendo resenhista aqui e sendo um dos meus livros favoritos, eu conseguiria, como o de HP, a falar por horas. Mas eu mal consegui dizer do que se tratava. Eu falei sobre emprestar livros aqui, e basicamente eu não me considero egoísta com meus livros apesar de ser um pouco chata, mas empresto para quem confio (com alguma ressalva apenas se o livro for uma edição especial para mim por qualquer X motivo). Porém esse é um livro que não quero emprestar de forma alguma, e essa edição não tem nada de especial nela em si, nenhum autógrafo, não é rara, não foi um livro de número emocionante. De fato, se algo acontecesse com ela, apesar de eu obviamente não ficar nada feliz, seria substituída por outra no fim das contas.

Não, o motivo de eu não querer emprestá-lo é que eu não quero que mais ninguém leia. Na resenha dele aqui no blog eu dei nota 5, que nos significados das notas (aí na lateral do blog) quer dizer "Leia agora!", mas talvez eu devesse ter dado nota 0 então que significaria "passe longe!". Não entenda mal, é um excelente livro, se eu ver alguém lendo-o eu ficarei encantada, mas ao mesmo  tempo eu o leio e tenho impressão, como ele tenta passar e sei que muita gente sentiu o mesmo, de que ele foi escrito para mim e a mim apenas. O que significa que as cartas são minhas e que você  está cometendo um crime em lê-las.

Isso talvez faça tão pouco sentido quanto eu achar que o mundo inteiro é obrigado a ler Harry Potter e eu tenho completa ciência disso, mas é essa parte de mim que não para de achar essas coisas mesmo que eu saiba que ela está errada (e é por causa de coisas como essa que quero ser psicóloga).

Eu não sei se há outros por aí que tem esses sentimentos malucos de que um determinado livro deveria ser lido por todos, mesmo quem não goste de ler, e outro que ninguém além de si mesmo deveria. Mas acho que no fim das contas é algo legal e estranho e talvez até o motivo de gostarmos tanto de ler, essa gama enorme de diferentes sentimentos que o "punhado de folhas de papel" nos dão. Enfim, vou encerrar por aqui pois artigo ficou bem grandinho  (acho que é de tanto tempo que não escrevo um). Ah e como sempre que escrevo um desses, quero saber a opinião de vocês, para  que eu saiba se estou doida ou se também tem quem se sinta de alguma dessas formas com qualquer seja o livro.

2 comentários:

  1. Oi Bruna, tudo bem?

    Desculpe estar meio sumida do blog... A partir desta semana começo a ter mais tempo, finalmente, daí volto a visitar com mais frequência.

    Seu post é uma doideira! Hahahaha, adorei seus comentários e sim, parece coisa de gente doida... Adoro também HP mas acabei de descobrir que você ama mais do que eu!!! E sinto muito, mas lerei as suas cartas... Tá, entendo que eram para você, mas sinto muito, a curiosidade me venceu. hahaha

    P.S. Faça psicologia! Você leva o maior jeito para a coisa. ;)

    Beijos!!

    escrev-arte.blogspot.com.br

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  2. Bruna, não sei muito bem o que dizer. Só sei que me identifiquei com você sobre determinados livros que li nesses meus trinta e dois anos de leitora compulsiva. Lindo sentimento esse seu amiga, nunca deixe que o tirem de você. Se sinta intima e possessiva com um livro sempre que assim lhe tocar a alma.
    Orgulhosa dessa sua postagem , nossa *.*
    Beijos
    Viviane
    Razão e Resenhas

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