A Menina Que Não Sabia Ler - John Harding

(...) pela primeira vez compreendi que não havia nada inteiramente bom e nada inteiramente ruim, que cada página tem uma mancha, e, por essa mesma razão, eu esperava todas as noites sombrias por uma pequena luz brilhante. 

A menina que ignorou as resenhas.

Título Original: Florence and Giles
Título: A Menina Que Não Sabia Ler
Subtítulo:--
Saga:--
Resenhas Anteriores da Saga: --
Autor(a): John Harding
Resenhas Anteriores do Autor: --
Editora: LeYa
Páginas: 220
Sinopse:

1891. Nova Inglaterra. Em uma distante e escura mansão, onde nada é o que parece, a pequena Florence é negligenciada pelo seu tutor e tio. Guardada como um brinquedo, a menina passa seus dias perambulando pelos corredores e inventando histórias que conta a si mesma, em uma rotina tediosa e desinteressante. Até que um dia Florence encontra a biblioteca proibida da mansão. E passa a devorar os livros em segredo. Mas existem mistérios naquela casa que jamais deveriam ser revelados. Quem eram seus pais? Por que Florence sonha sempre com uma misteriosa mulher ameaçando Giles, seu irmão caçula? O que esconde a Srta. Taylor? E por que o tio a proibiu de ler? Florence precisa reunir todas as pistas possíveis e encontrar respostas que ajudem a defender seu irmão e preservar sua paixão secreta pelos livros - únicos companheiros e confidentes - antes que alguém descubra quem ousou abrir as portas do mundo literário. Ou será que tudo isso não seria somente delírios de uma jovem com muita imaginação?

Sendo eu uma resenhista, sei que uma das coisas mais legais é saber que sua opinião verdadeiramente afetou alguém. O que você disse realmente fez uma diferença seja no que a pessoa vai ler/ver ou não. Mas isso nem sempre acontece.

Acho que vi umas três ou quatro resenhas negativas desse livro, falando coisas que faziam sentido e que me fariam em circunstâncias normais dizer "Não!" ao livro, ainda assim resolvi ignorá-las e fui lê-lo, principalmente pelo título nacional (o original é Florence e Giles, nome da principal e seu irmão) que nos leva a crer que existe uma ligação - mesmo que indireta - com A Menina que Roubava Livros de Markus Zusak. Não tem nada haver.

Mas talvez tudo isso fosse apenas a minha imaginação, esse amor pelo rebuscamento, a imaginação da minha mente. 

Achei o livro muito fantasioso, o que não é necessariamente ruim, muito pelo contrário, alguns dos melhores livros que já li o são, o problema é que Harding falhou em me fazer crer naquele mundo. O tempo todo fiquei com a impressão de que Florence era ou apenas muito doida ou apenas muito criança.

Logo no início o livro trás várias perguntas que logo ficam ignoradas para seguir o que para mim deu a impressão de que era outra história com os mesmos personagens.

O que mais me estressou, uma das coisas pelo menos, foi a personagem da Srta. Whitaker que faz algo relativamente importante, é mencionada no livro inteiro, porém na primeira vez que seu nome é citado é com Florence dizendo (o livro é em primeira pessoa) que quanto menos falar dela, melhor. E quase não nos dá informações relevantes. Com o fim do livro, que logo irei falar sobre, consegui entender o motivo disso, ainda assim me pareceu algo preguiçoso de se fazer. Por outro lado, não posso reclamar pois se tivessem falado mais dela, o livro seria maior, coisa que definitivamente não é algo que eu queria.

Era uma daquelas perguntas que é melhor não responder, pois, se você fica em silêncio, os adultos sempre partem para alguma outra coisa; falta-lhes a persistência das crianças. 

Quanto a personagem da Florence, tudo que eu tenho a dizer é que detestei-a com seu irmão Giles, porque o livro todo ela tenta protegê-lo, mas o amor que ela demonstra por ele, não me pareceu um amor sentida pela irmã mais velha pelo seu irmãozinho-única-família-que-lhe-resta, me pareceu algo... doentio demais.

E então há seu final, e ele talvez seja uma das poucas coisas positivas no livro. Me surpreendeu e não me surpreendeu ao mesmo tempo. Todas aquelas perguntas que pareceram abandonadas, voltam com duas respostas de forma indireta, de forma que pessoas com a mente mais fraca para se lembrar de detalhes lá do início talvez não peguem. E as respostas mais coerentes eu já havia imaginado já que não consegui entrar de verdade na mente de Florence, como disse, a ponto de crer naquilo.

Com que facilidade a mente se torna egoísta! Com que facilidade deixamos de lado a perspectiva de um futuro desastre pelo prazer do presente! (...) Coloquei a vida do meu irmão em risco pelo meu próprio prazer culpado, admito isso agora. 

Não gosto de finais abertos, mas esse é um dos poucos, senão único, livro que li que o final é inteiramente aberto e todas as questões são respondidas. São dois caminhos possíveis que o livro te mostra, mas não pega na sua mão e te leva. Ele te deixa  a escolher, e mesmo que não tenha sido um livro que gostei, mesmo que me acelerei para acabar pois a leitura simplesmente não me pegou, ainda assim não posso dizer que é um livro ruim - mesmo que eu não pretenda reler ou sequer o recomende -, se até agora estou pensando nele todo, tentando puxar detalhes que tenham me passado despercebido, para que o caminho que eu peguei faça tanto sentido quanto o de Florence.

Nota 2/5

• Não encontrei nenhum erro no livro (mas eu li meio apressada algumas partes então pode ter passado despercebido). O único problema de início é que algumas frases parecem estar sem sentido, mas conforme você vai lendo, percebe que é a própria forma retardada de Florence falar mesmo. Então, no geral, parabéns a editora LeYa.
• Ainda não sei se gosto ou não da capa. É interessante e dependendo da sua escolha de final, faz bastante sentido. Contudo ela me dá aflição e volte e meia acabo colocando-a de cabeça para baixo (o que não melhora muito).

Minha Edição (clique para aumentar):

Obs.: Contando tanto os livros lidos quanto relidos, esse é o 30º livro que li esse ano, minha meta de leitura no quesito quantidade de livros pra 2013. Nada mal para metade do ano, hein?!

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