Ladrão de Olhos - Jonathan Auxier

Há certos momentos em que uma pessoa está em dificuldades tão terríveis que só consegue realizar o impossível através de sua força de vontade. 

Se os dois primeiros livros de Harry Potter se fundissem  com os livros de Narnia.... O resultado seria Peter Nimble?

Título Original: Peter Nimble and His Fantastic Eyes
Título Nacional: Ladrão de Olhos
Subtítulo: As aventuras de Peter Nimble
Saga:--
Autor(a): Jonathan Auxier
Resenhas Anteriores do Autor: --
Editora: LeYa
Páginas: 424
BookTrailer: Em inglês sem legenda

Sinopse:

Peter Nimble é um jovem órfão e cego que aprendeu a sobreviver no mundo do crime. Tratado como um escravo pelo cruel sr. Seamus, todas as noites Peter é obrigado a roubar dos bons cidadãos da cidade e, durante o dia, permanece trancado em um porão, onde sonha com um futuro melhor. Até o dia em que ele rouba um objeto de um misterioso viajante - uma caixa que contém três pares de olhos mágicos. Ao experimentar o primeiro par, Peter é instantaneamente transportado para uma ilha secreta, onde ele terá uma missão especial: resgatar um povo em apuros no perigoso Reino Desaparecido! Peter Nimble, juntamente com seu fiel companheiro - um cavaleiro que foi transformado em uma estranha combinação de cavalo e gato - e com a ajuda dos olhos mágicos, embarcará em uma inesquecível aventura de capa e espada para descobrir seu verdadeiro destino

Peter Nimble é uma deliciosa história infantil. Me lembrou muito os livros de Narnia com os animais falantes, a enorme fantasia, o reino em perigo e até como valoriza as crianças, demonstrando que muitas vezes elas podem ser mais sábias que os adultos, e esses muitas vezes são extremamente obtusos. Mas também tem um quê dos primeiros livros de Harry Potter, o menino sofredor que desconhece suas verdadeiras habilidades, sobrevive como consegue.

Ainda assim, é um livro único.

Peter aprendera (...) que a melhor forma de interrogar alguém é fazer todas as perguntas sobre ele; não há nada que as pessoas gostem mais de fazer do que falar de si mesmas. 

Gostei bastante de Peter por ser um personagem que é bom, mas ele não é um mártir. Muito pelo contrário, ele faz o que é necessário para sobreviver, colocando muitas vezes a si em primeiro lugar. Não por um motivo completamente egoísta, mas sim porque foi como conseguiu sobreviver sua vida toda, porém ele tem um bom coração e se houver a chance de fazer o que é certo, de ajudar os outros, ele irá tentar. Nós vemos muito disso nele logo no início do livro quando ele explica que não gosta de roubar das boas pessoas, mas é isso ou apanhar pelo malvado Sr. Seamus, porém, quando um animal é maltratado por uns valentões, ele sai do seu caminho para ajudar.

Outro personagem que também gostei muito foi o Sir Tode, o companheiro de viagem de Peter, meio homem, meio gato, meio cavalo. Ele não é forte, não é muito inteligente, e um tanto medroso, mas se prova diversas vezes um ser leal e o verdadeiro amigo de Peter (além de ter rido muito com ele).

(...) mais de uma vez tinha refletido sobre o prazer secreto de estar acordado enquanto a cidade dormia. 

Aliás, o livro trás um humor bem gostoso também, não é todo risos, mas tem momentos pontuais que tornam muito mais gostoso de ler.

E a narrativa também é bem legal. Em terceira pessoa, mas ao mesmo tempo nos amostrando as coisas como Peter entende, apesar de às vezes sair desse caminho para descrever certas coisas que o nosso órfão, mesmo com seus sentidos aguçados, não consegue descrever por conta da sua cegueira. A narrativa tem um ritmo gostoso, ainda assim, quando se trata da descrição de algumas coisas - especialmente as mais fantásticas - eu tive dificuldade de entender o que estava sendo descrito, muitas vezes tendo de reler a descrição e ainda não conseguir visualizar bem a imagem que o autor tentou passar.

Outro pequeno problema do livro foi o fato das surpresas não terem me sido surpreendente, talvez por ser infantil, algumas das coisas que deveriam causar um impacto, os segredos, eu descobri praticamente tudo bem antes de ser falado. Porém, ao mesmo tempo, isso não fica algo negativo pois o próprio livro nos fala em certas partes coisas como: "Você talvez já tenha descoberto sobre o que ele realmente queria dizer, mas Peter que...."  coisas assim, deixando claro que aquelas surpresas são mais para o nosso principal do que para o leitor.

― Há momentos em que a Justiça exige de nós mais do que daríamos. 

No fim, Peter Nimble é um gostoso livro infantil, mas que tenho certeza que, assim como Narnia e Harry Potter, é capaz de agradar até mesmo o público mais velho, e é claro que eu o recomendo.

Nota 4/5

• Achei alguns errinhos meio chatinhos, mas eles tinha mais no início do livro, do meio para o fim,  não vi quase nenhum.
• Achei a capa muito fofinha. Com os corvos voando, o tom escuro e as letras douradas, tem um toque bem bonito e cai bem com o livro
• As folhas dessa edição são cinzas ("recicladas", talvez?), eu nunca tinha percebido isso, mas nesse livro notei que faz muita diferença a cor das folhas. Com essas cinzentas levei um tempo bem grande para ler o livro porque elas me dão duas coisas: sono e dor de cabeça, o que acabou atrapalhando um pouco a leitura, mas nem tanto a ponto de interferir nos meus pensamentos do livro. 
• A cada capítulo há um desenho que dá um toque bem legal ao livro.
• E na minha guerra de traduções de títulos, Peter Nimble entrou na batalha. Tecnicamente ele de fato roubou os olhos, mas com algumas coisas que são descobertas quase imediatamente após esse suposto roubo, vemos que ele não é um ladrão de olhos. Então não só o título nacional não é o mesmo do original, como também não cai bem com o livro. (Nome original traduzido: Peter Nimble e seus Olhos Fantásticos)

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