Abandonei: Os Trabalhadores do Mar - Victor Hugo

"A solidão faz homens de talento ou idiotas. (...) no limite que separa o sonhador do pensador. O pensador impõe, o sonhador obedece. A solidão domina os ânimos símplices, complica-os, enche-os de horror (...) A sombra (...) compunha-se, em partes quase iguais, de dois elementos, obscuros ambos, mas diferentes; dentro dele, a ignorância, enfermidade; fora dele, o mistério, imensidade." 

Eu já comentei aqui algumas vezes que meu livro favorito é Os Miseráveis de Victor Hugo, e acho que já comentei também que eu não tenho esse livro. Eu perdi ele quando me mudei para essa casa que vivo agora (cerca de 4 anos atrás). Mas um ponto interessante é que eu nunca li  a versão completa, e sim uma espécie de resumo para atrair os jovens. Por que estou falando disso? Porque acho que é o motivo da minha desistência desse livro do mesmo autor.



Autor(a): Victor Hugo
Editora: Martin Claret
Nº de Páginas: 440
Lido até: 138
Sinopse:

Victor Hugo dedicou Os Trabalhadores do Mar (1866) à Ilha de Guernsey, situada no Canal da Mancha, que foi o lugar em que viveu por quinze anos - o atuoexílio em oposição a Napoleão III. O romance se passa nessa mesma ilha, no momento do pós-guerras napoleônicas. Ali, falando sobre a vida do povo da Ilha de Guernsey, Victor Hugo se põe diante das necessidades constitutivas, universais, do ser humano; e por intermédio de Gilliatt, o protagonista que enfrenta os reveses da sociedade e da natureza, faz-nos conhecer um espírito corajoso e livre, que, a despeito das dificuldades e das derrotas, é capaz do sentimento do amor que liberta.

Eu comprei Os Trabalhadores do Mar  cerda de um ou dois anos atrás, comprei ele pois a versão  integral d'Os Miseráveis estava em falta, então quis por um do mesmo autor. Tentei ler e falhei. Na época estava com vários livros para ler e, como esse não me prendeu, fui para outros com a promessa de voltar. E semana passada eu voltei.

Eu tenho uma regra que quebrei poucas vezes, ler um livro até a página 60 antes de abandonar nesse eu fui até a 138.

O livro mostrou pontos interessantes e que realmente me fizeram pensar. Ele critica, muitas vezes zombeteiro,  várias coisas. Coisas opostas. Ciência e religião, ambas criticadas logicamente no mesmo paragrafo.

Mas ele tende a divagar. Algumas divagações são realmente interessantes, contudo lhe tira do rumo da narrativa, tornando-a cansativa.
Em certas partes, porém, tal coisa nem faz sentido (existe uma parte, por exemplo, que quase por duas páginas ele fica explicando a diferença de pronuncia dos marinheiros. Detalhe que, por conta disso, a página é toda escrita em francês).
Esse tipo de coisa torna complicado lembrar dos pontos verdadeiramente importantes e não uma, mas muitas vezes o autor tem de nos lembrar coisas já ditas.

"A insolência no perigo reúne os retardados e impele-os para frente."

Outro ponto negativo e que atrapalha na narrativa é que muitas coisas estão em francês e em português. (Tipo uma casa escrita em francês e entre parenteses explicando em português que aquela palavra significa "casa". Na grande maioria é bastante desnecessário ter o original). Isso foi um problema feio da tradução (de Machado de Assis, provando que ter um bom nome não significa ser bom tradutor).

É um livro muito interessante, mas a história em si demora muito por causa das divagações. E eu só o recomendo para quem é muito paciente. Tentarei ler ele de novo em alguns anos porque, eu acho que meu maior problema, é que meu cérebro de dezesseis anos simplesmente não está pronto para uma literatura desse tipo e, por enquanto, nesse caso eu devo ficar com as versões resumidas =/

"O corpo humano é talvez uma simples aparência, escondendo nossa realidade, e condensando-se sobre nossa luz ou sobre a nossa sombra. A realidade é a alma. (...) o rosto é uma máscara. O verdadeiro homem é o que está debaixo do homem. (...) O erro comum é ver no ente exterior um ente real."