As Vantagens de Ser Invisível - Stephen Chbosky

"Então, acho que somos quem somos por várias razões. E talvez nunca conheçamos a maior parte delas. Mas mesmo que não tenhamos o poder de escolher quem vamos ser, ainda podemos escolher aonde iremos a partir daqui. Ainda podemos fazer coisas. E podemos tentar ficar bem com elas. "

Hoje decidi fazer minha resenha um pouco diferente. Espero que gostem.


Autor(a): Stephen Chbosky
Editora: Rocco
Sinopse (Skoob):

Ao mesmo tempo engraçado e atordoante, o livro reúne as cartas de Charlie, um adolescente de quem pouco se sabe - a não ser pelo que ele conta ao amigo nessas correspondências -, que vive entre a apatia e o entusiasmo, tateando territórios inexplorados, encurralado entre o desejo de viver a própria vida e ao mesmo tempo fugir dela. As dificuldades do ambiente escolar, muitas vezes ameaçador, as descobertas dos primeiros encontros amorosos, os dramas familiares, as festas alucinantes e a eterna vontade de se sentir "infinito" ao lado dos amigos são temas que enchem de alegria e angústia a cabeça do protagonista em fase de amadurecimento. Stephen Chbosky capta com emoção esse vaivém dos sentidos e dos sentimentos e constrói uma narrativa vigorosa costurada pelas cartas de Charlie endereçadas a um amigo que não se sabe se real ou imaginário. Íntimas, hilariantes, às vezes devastadoras, as cartas mostram um jovem em confronto com a sua própria história presente e futura, ora como um personagem invisível à espreita por trás das cortinas, ora como o protagonista que tem que assumir seu papel no palco da vida. Um jovem que não se sabe quem é ou onde mora. Mas que poderia ser qualquer um, em qualquer lugar do mundo.

"9 de fevereiro de 2013

Querido amigo,
Estou escrevendo porque ele disse que você me ouviria e entenderia, e não tentou dormir com aquela pessoa naquela festa.

Fiquei sabendo de você através dele e ele ficou sabendo através dela. Por favor não tente descobrir quem ela é pois você poderia descobrir quem ele é na verdade e ele não quer isso. Por enquanto vamos chamá-lo de Charlie.

Eu conheci Charlie há algum tempo, mas só comecei a ler suas cartas três dias atrás e já li todas. Teria lido tudo de uma vez, mas minha mãe insiste que eu deva dormir enquanto ainda está escuro.

Em algum lugar, que eu não lembro onde, eu li um comentário que alguém dizia que achara Charlie patético.  Achei o comentário meio sem fundamento tendo só visto o filme, mas agora, após ler as cartas, tudo que posso pensar é em quão sortudo é essa pessoa por pensar isso.

Eu antes falei do filme e nele disse quão necessária é a identificação e nessas cartas não é diferente.

Estou achando meio difícil falar para você sobre as cartas porque achei muito... pessoal. As coisas que Charlie sente e pensa, são coisas que gostaria de acreditar que muitos já sentiram e pensaram. São coisas que quero acreditar que as pessoas pensaram por um segundo que seja e que talvez nem acreditem que realmente pensaram nelas, são coisas que não gostariam de dividir com ninguém. Pelo menos para mim. Não vou dizer o que são por três motivos: a) é pessoal, b) é spoiler e c) se você ler as cartas e se identificar, também deve considerar pessoal demais para falar.

Mas você deve estar se perguntando porque me refiro a elas como cartas, quando é um livro. Bem, a verdade é que no início sua narrativa é meio complicada de se acompanhar pelo fato de todo o livro ser feito exatamente como cartas. Mas logo isso só vira mais um ponto positivo nele. É até possível acreditar que você seja o Stephen (me desculpe caso você não quisesse que eu soubesse quem você é) e que um dia começou a receber cartas de um garoto e simplesmente juntou tudo isso num livro. Não, espere... é possível acreditar que fui eu. Porque eu ouvi. E entendi. E não tentei dormir com aquela pessoa naquela festa. Talvez, em algum ponto, essa carta eu esteja mandando para mim mesma. E está tudo bem.

Eu só quero poder contar o quão envolvida eu fiquei Charlie e seus devaneios e a carta final é tão frenética que você pode sentir o quão perdido ele está. Quando eu terminei de ler me deu um nervoso pois não pude acreditar que era o fim e então reparei no Epílogo escrito no topo da página e respirei aliviada e logo o li.

E quando eu terminei tudo que pude pensar é que foi tudo tão... ah, nem sei explicar. Perfeito parece a palavra correta. Assim como pessoal. E até melancólico em algumas partes. É... essas três palavras definem bem esse livro, essas cartas. Há partes alegres. Engraçadas. Felizes. Mas as três palavras para ele são: Pessoal, melancólico e perfeito. Só espero que o fato de eu estar falando dele tão bem não o estrague para você (isso já aconteceu comigo), eu não estou superestimando ele, não para mim. Estou apenas tentando explicar uma das melhores narrativas que eu, eu , já li.

Há muito mais que eu gostaria de falar sobre Charlie. Como fato de no inicio suas cartas serem menores e mais simples e, conforme ele vai melhorando sua escrita e lendo mais livros, as suas cartas vão ficando maiores e mais interessantes. Gostaria de me aprofundar na luta do Charlie para participar da vida ao invés de apenas vê-la passar e em como ele se sente triste e feliz ao mesmo tempo quando faz qualquer um deles. Também gostaria de falar das outras pessoas como sua irmã que, apesar dos pesares, acho que também deveria escrever para você. Também gostaria de falar sobre Sam. E Patrick. Mas acho que assim estaria falando demais e já cobri o que achei mais importante.

Então deixe-me terminar dizendo que é um livro que sinto que se um dia eu estiver meio mal, ele irá me confortar. Como se eu pudesse pegá-lo e abri-lo numa carta qualquer ler apenas ela e de alguma forma isso irá me fazer sentir melhor. Não é por causa daquela baboseira de ter alguém pior do que você, nem eu (nem Charlie, ele fala isso em algum ponto) acreditamos nisso. Sim, tem crianças com fome na África, mas é como aquela frase diz: Seus problemas podem não ser os piores, mas só você sabe como doem. Não consigo lembrar quem disse isso, mas é verdade. Mesmo que a carta de Charlie não fale sobre o meu problema eu sinto que ele, assim como eu fiz e como você está fazendo, irá ouvir e irá entender. E não tentará dormir com aquela pessoa naquela festa.

Com amor,

Bruna"

Nota 5/5

As Vantagens de Ser Invisível com certeza é um ótimo livro e, agora, um dos meus favoritos


Obs.:
Pretendo fazer um post muito em breve comparando livro e filme. Espero que vocês não estejam já de saco cheio de As Vantagens de Ser Invisível.

Como eu fiz essa resenha diferente, ficaria meio estranho colocar citações no meio, então aqui está:

"E acho que eles sabiam. Não alguma coisa especifica. Apenas sabiam. E eu acho que é tudo o que você pode pedir de um amigo.” 

 "Acho que a ideia é que cada pessoa tem de viver para a própria vida e depois escolher compartilhá-la com outra pessoa. Talvez seja isso que faça com que as pessoas “participem”. "