O Chamado do Cuco - Robert Galbraith

(...) sem tempo para se corrigir, para explicar, para legados ou pedidos de desculpa; sem qualquer dos luxos permitidos àqueles que têm noção de seu falecimento iminente (...)

 Eu adoro livros no estilo, então quando foi descoberto quem afinal era o autor do livro (Robert é um pseudônimo de J.K Rowling - autora de Harry Potter) fiquei muito ansiosa e o comprei com um mês de antecedência e em capa dura. Curiosa para saber o que Rowling traria nessa linha investigativa.

Título Original: The Cuckoo's Calling
Título Nacional: O Chamado do Cuco
Subtítulo:--
Saga:Cormoran Strike - Livro 01
Resenhas Anteriores da Saga:--
Autor(a): Robert Galbraith
Resenhas Anteriores do Autor:--
Editora: Rocco
Páginas: 447
O Chamado do Cuco conta a história do detetive particular Cormoran Strike. Um ex-soldado que perdeu parte de uma das pernas, tem muitas dividas e acaba de terminar o relacionamento de longa data com a noiva. Acompanhamos no livro sua investigação do caso de um suicídio de uma famosa modelo, mas que, alguns, acreditam ter sido um assassinato.

O livro é contado em terceira pessoa com um olhar mais atento em Cormoran porém, às vezes, também em Robin -- assistente de Strike. Então vou começar falando desses dois já que são personagens que irão voltar em outros livros da série (pelo menos dois, segundo a tia Jo). Strike é um personagem que gostei, ele está num momento muito ruim no livro, ainda se ajustando a não ter ambas as pernas, sem dinheiro a ponto de ter de dormir no escritório e, depois de muitas idas e vindas, finalmente terminando um relacionamento com alguém que ama, às vezes, especialmente no início, ele conseguiu ser um verdadeiro babaca, porém um babaca justificado. Mas é um personagem muito inteligente, e sei lá, simplesmente gostei dele. Robin, por outro lado, me irritou. Houve vezes que gostei dela, mas é um personagem muito inconsistente, sabe. Se ela faz uma coisa certa, por menor que seja, espera que o mundo beije seus pés, mas se algo não sai como ela queria (independente do que pode tá acontecendo com outros) ela fica um saco, toda estressadinha fazendo mil planos que desmoronam no segundo seguinte por qualquer motivo, da mesma forma que vieram. Então, é, não fui muito com a cara dela.

Eles viam o que queriam ver, cegos à verdade inconveniente e implacável. 

O livro em si, demorei um pouco mais do que o normal para ler, não por ser cansativo ou chato, não, mas porque ele tem um ritmo apenas. Ele segue uma linha de investigação, e de evolução da história boa, mas é sempre da mesma forma por assim dizer, não tem aqueles momentos chatos e longos que algumas histórias tem, porém, tampouco, tem momentos cheios de adrenalinas. Ele tem um ritmo seu, que é confortável e gostoso, nem mais nem menos.Porém, há duas coisas que não posso evitar de falar: A primeira é a ambientação, o livro não se enche de detalhes para explicar os lugares, mas faz tão bem feito que é muito fácil se ver ali, é muito bem explicado em poucas palavras, isso sempre me surpreende. O segundo é como foi tratado a modelo Lula, ela já está morta no livro e não há flashs, ainda assim, de alguma forma, para mim ela como um personagem verdadeiramente participante dali, que dá para conhece bem todos os seus lados, foi fascinante como isso foi feito sem nunca de verdade termos um momento sequer com a personagem.

O caso é complicado de falar sem spoiler, mas vou tentar. É interessante, consegue criar um clima em que me fez suspeitar de vários personagens, incluindo a modelo. Porém, o seu fim foi decepcionante, apesar de ter ganhado um pouco da adrenalina, achei a resolução do caso um tanto forçada. Isso só vi um livro antes, de ser dado uma resposta um tanto sem sentido, que faz parecer que o único motivo de pessoa X ser culpada, é para surpreender o leitor. Mas quando isso acontece, o sentimento de surpresa é obstruído pois eu me sinto mais feita de burra, como se tivessem me tratado como tal e eu não gosto disso. Tudo bem eu não descobrir, melhor até, mas não por algo sem sentido. O que aconteceu na morte da modelo é bem explicado, mas o motivo por trás da história em si não é. A única explicação dada (e eu demorei para notar que era uma explicação) se eu chamar de meia boca é um grande elogio, e mesmo assim ela é contraditória. Então, é, foi bem decepcionante o fim do caso.

O silêncio tinha aquele caráter impassível que fala apenas da indiferença de salas inabitadas, e seus passos soavam estranhos e altos demais (...). 

Antes de finalizar a resenha, quero falar um pouco da J.K Rowling. Eu sempre fui relutante ao avaliá-la como autora, pois não gosto de fazer isso para autores que só li um livro (ou mesmo uma saga), mas agora já li dois livros dela que não se passam no universo HP. E agora posso dizer sim que ela é uma autora muito boa e que ainda tem muito a oferecer, definitivamente não é uma autora de um sucesso só, porém me parece certo que o melhor que ela tinha oferecer, ela já nos deu, o que não quer dizer que ela já acabou, ainda quero mais dela, mesmo já tendo visto o melhor, ainda há coisas muito boas ali.

Por fim, posso  dizer que gostei do livro e o recomendo, apenas saibam que o final não estará a altura do livro, mas ainda dá pra se divertir.

Nota 3/5

• Alguns erros de português, mas apenas um foi realmente irritante, o resto coisa boba.
• Adorei a capa, é bonita a beça, e caramba, essa edição em capa dura é perfeita demais (por que todos os livros não vem assim?!). Dentro do livro nós também temos duas folhas azuis, que são bem bonitas e é referência à história.