Eu Sei o Que Você Está Pensando - John Verdon

"― Quando tudo mais fracassa, é hora de ser sincero."

Seja em filme, livro ou mesmo série, adoro coisas que são inteligentes e nos dão pistas para que possamos participar e tentar entender o que está acontecendo. Nesse ponto, Eu Sei o Que Você Está Pensando foi muito bem.

Título Original: Think of a Number
Título: Eu Sei o Que Você Está Pensando
Subtítulo: --
Saga: Dave Gurney - Livro 01
Autor(a):John Verdon
Editora:Arqueiro
Páginas:340
BookTrailer:

Sinopse:

Uma carta perturbadora chega via correio com uma simples declaração ao final: "Veja como conheço seus segredos - apenas pense em um número." Errará quem pensar que uma carta dessas chega a seu destino final apenas por obra do acaso. Para o detetive aposentado da polícia de homicídios da cidade de Nova York, Dave Gurney, que está formando uma nova vida ao lado de sua esposa Madeleine, as cartas começam a deixar de ser estranhas para se tornarem um complicado quebra-cabeça que levará a uma enorme investigação sobre assassinatos em série. Trazido para o caso como consultor, Gurney em pouco tempo percebe pistas que a polícia local deixou passar. Ainda assim, diante de um oponente que parece ter o dom da clarividência, Gurney vê seus esforços irem em vão, seu casamento rumando a um precipício e, finalmente, um medo incontrolável de que seu adversário não pode ser parado.

Eu Sei o Que Você Está Pensando é um livro muito bem escrito. Esse é o ponto que já tenho que começar. John Verdon é um escritor que consegue fazer com que nos coloquemos dentro do livro, diversas vezes fiquei tentando achar pistas e, assim como Dave, a cada poema, eu relia várias vezes tentando achar algo. Infelizmente eu só descobri uma coisa antes dele, e mesmo assim foi porque o ex-detetive começou o raciocínio, e eu só concluí mais rápido do que li, ainda assim...

A história do livro é envolvente e, logo me surpreendi quando, algo que eu achava que só iria acontecer, se acontecesse, nas páginas finais do livro, se provou sendo apenas o fim da primeira parte. É um quebra-cabeça interessante, você fica tentando fisgar qualquer coisinha que Dave tenha deixado passar.

"― As pessoas representam determinados papéis na vida seguindo roteiros coerentes e previsíveis, ainda que eles sejam, em geral, inconscientes e não costumam ser vistos como uma questão de escolha. "

Aliás, Davey é um personagem bastante interessante, até porque tinha que ser. No livro nós não nos aproximamos de nenhum outro personagem de verdade. Tem alguns que chegamos a gostar um pouco, alguns que nos irritam, mas nenhum que nós verdadeiramente consigamos nos importar para o bem ou para o mal, exceto Dave. O detetive aposentado é um personagem que nos deixa curiosos. Porque, e isso é um grande ponto a favor e contra,  apesar da história ser sobre os assassinatos em série e  o foco do livro também, não é apenas isso. Nós temos, junto de Dave, lidar com os problemas de um casamento que está com problemas há quinze anos, temos que lidar com seu relacionamento complicado com o pai na infância que ainda o assombra. Temos de lidar com sua falta de conexão com o filho do primeiro casamento, e o mistério da morte do filho do segundo. Esse tipo de coisa, apesar de as vezes ser irritante, afinal queremos saber do assassino, também humaniza o personagem e, além disso, são  histórias interessantes, que vamos conhecendo aos poucos.

"(...) simplesmente ser quem ele era parecia implicar um esforço diário estafante, desprovido de alívio e de conforto. Era um homem muito bom, muito decente, mas ao mesmo tempo cheio de culpa por ser humano. Torturado demais pelos próprios erros, pelas imperfeições. Uma ficha de sucesso sem igual na profissão era obscurecida na mente dele por um punhado de fracassos. Sempre pensando. (...) Enfrentando a vida como um enigma a ser resolvido. Mas nem tudo na vida era um enigma (...) Havia coisas  que deveriam ser abordadas de outro modo. Mistérios, não charadas. Coisas a ser amadas, não decifradas. "

Sem dúvida, entre essas histórias, digamos, mais pessoais, a mais curiosa é o de Danny, o segundo filho dele que foi morto. Porque é uma história falado do início ao fim, mas sempre de forma incompleta, pois o Dave não consegue parar de pensar ao mesmo tempo que se recusa a fazê-lo, então nós damos passos muito pequenos quanto a essa e, devo dizer, que quando enfim explicou o que houve, achei meio decepcionante. Interessante para a história como um todo, nos dando um bom paralelo entre o detetive e o assassino, mas ainda assim... sei lá, esperava algo mais elaborado.

Outra coisa que não me agradou muito foi quem acabou se revelando o assassino, achei meio forçado. Apesar de forma alguma não ter sido surpreendente. Achei o clímax bastante interessante, contudo eu esperava mais. Algo mais grandioso, por assim dizer.

"Nada neste mundo era perfeito. Sempre havia pontos positivos e negativos. Era preciso aproveitar do melhor modo possível as chances que apareciam. Ver o copo como meio cheio"

Ainda assim foi um excelente e inteligente livro que, apesar de uma ou outra falha, foi bastante divertido de se ler.

Nota 4/5

Vocês devem ter reparado que a parte saga está com o nome do personagem. O segundo livro é Feche Bem os Olhos e, aparentemente, não é continuação direta desse. Se passando um ano depois em outro caso, porém com o mesmo principal. De qualquer forma, pretendo ler!